quinta-feira, 17 de março de 2011

A Cura do Cego de nascença e a nossa realidade

Esse foi um trabalho apresentado na PUC-SP (Campus Ipiranga) para a Disciplina de Doutrina Social da Igreja. Um pararelo entre a passagem da Cura do cego de nascença (Jo 9, 1-40) e a nossa realidade social.
"Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva,
aplicou-a sobre os olhos do cego..." (Jo 9, 6)

A cura do cego de nascença nos remete claramente as realidades que hoje nos circundam. Todos os dias nos deparamos com “cegos de nascença” que são sub-julgados, ou melhor, dizendo sofrem preconceitos somente pela sua condição.
A pergunta que fizeram a Jesus é muito pertinente à nossa reflexão: “Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego” (9,2). E a resposta de Jesus é clara: “Nem ele, nem seus pais...” (9,3a), ou seja, muitas das vezes julgamos uma situação de determinada pessoa, bem como seu status social muito rapidamente, quando deveras a culpa não é da pessoa, podendo ser, portanto, da estrutura que a oprime, ou da sociedade que não lhe dá oportunidade.
O cego de nascença estava à margem do caminho, mendigando uma oportunidade, como estão hoje, muitos cegos de nossos dias, que por lhe serem tirados as oportunidades de enxergar algo melhor na vida são colocados à margem da sociedade.Jesus é aquele que dá ao cego a oportunidade de enxergar, ou até muito mais que isso, vislumbrar novas oportunidades de vida. Cuidar daqueles que são colocados à margem é tarefa de todo o cristão que se compromete com uma realidade que exclui e que simplesmente olha e julga, tentado adivinhar o que o levou aquela determinada situação.
A atitude de cristão é justamente a de Jesus, “cuspir na terra e fazer lama com a saliva” (9,6), que hoje que significar o famoso: “meter a mão na massa” e se comprometer verdadeiramente. Nós temos que passar da simples comoção e desenvolver ações eficazes que mudem a vida das pessoas que hoje estão à margem da sociedade.
E a fé que motiva o cristão a tomar essas atitudes é justamente a de proporcionar uma vida diferente à essas pessoas, para que assim as pessoas possam perguntar, da mesma forma que perguntavam entre si: “Não é esse que ficava sentado a mendigar?” (9,8c)... “... alguém parecido com ele” (9,9b). Assim ele poderá dizer com toda forma e com o animo renovado: “Sou eu mesmo” (9,9c).
Sejamos pessoas que como Jesus apresente oportunidades àqueles que estão à margem da sociedade, não esperando o dia certo, mesmo porque, Jesus deu a oportunidade ao cego em dia de sábado, o que não era permitido pela lei judaica, mas para Jesus não há momento certo para se dar oportunidades para as pessoas. Assim também nós devemos agir, afinal de contas não há lugar e nem momentos certo para se comprometer por e com alguém

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ

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