terça-feira, 2 de outubro de 2012


O PROJETO DE VIDA DE SÃO JOSÉ MARELLO

            Acreditar que a vida é uma grande construção, feita passo a passo, com uma meta fixa, foi o que orientou a vida de São José Marello.
            Desde sempre, ele projetou sua vida acreditando que seus atos no presente, teriam consequências no futuro. Marello foi um homem do tempo presente, ou seja, o seu projeto de vida passava pela necessidade de viver bem o hoje, para que o amanhã pudesse ser frutuoso.
            Se formos pesquisar na vida de São José Marello, não encontraremos um projeto escrito, a não ser na sua volta ao seminário, quando esboçou uma regra de vida que seguiu depois de um período de experiências e algumas frustrações. O seu projeto de vida estava fundamentado em uma vontade firme de fazer sempre a vontade de Deus em sua vida. Isso fica claro quando ele diz a um de seus amigos: Quando, meu caro amigo, quando é que vamos começar de verdade? (...) em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, agora mesmo” (Carta 24) E sobre a atitude firme de recomeçar sempre ele continua: “Nunc Coepi! Agora começo, diziam os nossos grandes mestres que viveram antes de nós. Repitamo-lo também nós diante de Deus, com sinceridade e firmeza (Carta 36).
            Outro ponto importante na caminhada de São José Marello é o fato dele ser uma pessoa focada em seus propósitos. Já é bem famoso e conhecido por nós o seu pensamento quando diz: “Quando a meta é fixa, abala-se o mundo e o céu venha abaixo, é preciso olhar para ela, sempre para ela” (Carta 10). Assim ele ensina-nos que o fato de temos claro aquilo que queremos e perseguimos como meta de vida, nos ajuda a termos a nossa história na mão, afinal, quando não sabemos onde queremos chegar, qualquer vento pode nos levar para qualquer lugar.
            O fato de termos uma meta fixa em nossa vida não nos exime do fato de revermos sempre os caminhos com os quais chegaremos ao nosso objetivo. O Marello, com certeza teve que rever muitas vezes o seu projeto de vida, haja vista o fato que já mencionamos dele ter saído do seminário, e nesse período, o mesmo experimentar as incertezas que fazem parte também do nosso projeto de vida. José Marello deixou a vida de seminário e tentou ser um comerciante como seu pai, pensou em ser jornalista, ou até mesmo se engajar politicamente. Mas mesmo que às vezes os nosso projetos de vida sofram com as incertezas, o projeto de Deus para nossa vida é sempre claro, e foi isso que aconteceu com o Marello, por isso que ele nos exorta: “Precisamos ter paciência conosco mesmo”.
            Sendo assim, percebemos claramente na vida de São José Marello uma abertura para a ação de Deus. Ele nos diz: “Conformidade total com a vontade de Deus: eis o grande meio para progredir no caminho da perfeição; mas, por sua vez, esse meio torna-se o fim (em) relação aos meios que devemos utilizar para obtê-la”. (Carta 52). E Ele continua: “Acima de tudo considera sempre que tu estás fazendo a vontade de Deus, alinhando a proa da tua embarcação para onde aponta o capitão do leme” (Carta 83).
            Olhando rapidamente a vida de São José Marello vamos perceber que seu projeto de vida continua, e como diz uma música “está vivo entre nós”, uma vez que sua obra continua na pessoa de cada Oblato de São José, seus filhos espirituais, mas também em cada jovem josefino-marelliano, que se coloca numa trajetória de vida onde ele pode contemplar em seu projeto de vida algo que o próprio Marello vislumbrou.
            Portanto nos coloquemos na Escola do Marello, como alunos aplicados que querem viver a mesma experiência de felicidade que ele próprio viveu, para que assim nós possamos dizer como ele: “Saber coordenar todos os nossos pensamentos, todos os nossos afetos, todas as nossas energias numa ideia fixa: viver nessa ideia, apaixonarmo-nos por ela... (Carta 9).
            Que São José Marello nos ajude e seja nosso exemplo para que nos coloquemos a perseguir a nossa meta, que no fim das contas é sempre nossa felicidade.
            São José Marello, rogai por nós e iluminai a juventude!

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ

ONDE ESTÃO OS JOVENS?

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ

“A cultura de massa dá forma à promoção dos valores juvenis e assimila uma parte das experiências adolescentes. Sua máxima é “sejam belos, sejam amorosos, sejam jovens”. Historicamente, ele acelera o vir-a-ser, ele mesmo acelerado de uma civilização. Sociologicamente, ela contribui para o rejuvenescimento da sociedade. Antropologicamente, ela prolonga a infância e a juventude junto ao adulto. Metafísicamente, ela é um protesto ilimitado contra o mal irremediável da velhice.” (Edgar Morin)

            Diante de tantos desafios, convites, atividades que propomos e com a constatação do esvaziamento de nossos grupos aos jovens, além das inúmeras respostas negativas que recebemos, constantemente nos perguntamos: Onde estão os jovens? Ou ainda: o que precisamos fazer para compreender as novas juventudes? Essas são questões que em certos momentos podem nos provocar certo desânimo.
            Ao se fazer essas interrogações e, em seguida, buscar soluções a partir de reflexão e com planejamento, já seria uma boa dica para onde deveríamos concentrar nossos esforços.
            Porém, isso não é tão simples como nos parece, haja visto que esses lugares, mudam constantemente, assim como mudam também as preferências juvenis. No entender do sociólogo Bauman (2001), a atualidade é um tempo marcado pela flexibilidade, fluidez e maleabilidade que provocam a fragilização das relações. Além disso, esse processo de liquefação leva a dissolução das instituições – família, estado, relações de trabalho, escola, etc – que na modernidade eram consideradas bases para unificação entre as pessoas.  A consequência disso é o surgimento acelerado de transformações sociais, nas quais se dissolvem os laços afetivos que, por sua vez, leva a um processo de individuação e subjetividade. E disso os jovens não são isentos!
            O que muitas vezes dificulta a nossa ação pastoral é a fato que “procuramos” os jovens da mesma forma que anos atrás, esquecendo, portanto que os mesmo são as primeiras “vítimas” e, ao mesmo tempo, protagonistas dessa sociedade líquida.
            Outro ponto que devemos levar em conta em nosso trabalho pastoral é a realidade de “nomadismo”. Esse é um dos elementos que sobressaem na caracterização do perfil das juventudes na contemporaneidade, ou seja, a sua condição de mobilidade. Essa palavra pode ser entendida em seu sentido literal (deslocamento espacial e geográfico ou mesmo “des-centramento, des-espacialização), como também o significado se amplia a uma mobilidade temporal (viver tempos de passagem, alternância momentânea, simultaneidades) ou ainda, supor a existência de um nomadismo de percepção (absorver fluxos, filtrar, aparar, assimilar, equacionar ou inúmeros “chocs” (Benjamin, 1989, pp 109-113). Todos esses fatores resultam de uma vida cotidiana tensa e intensa, permeada pela relação com a cidade e conectada com as velhas e novas mídias.
            É interessante observar que os jovens inseridos em outros lugares, que não nas grande cidades, também experimentam essa mobilidade temporal e espacial, propiciada, por exemplo, pelo contato com a televisão ou internet. A imersão no contexto das variadas mídias permite que o distante se torne próximo e seja incluído em seu cotidiano doméstico e familiar. A informação passa ser apropriada quase em tempo real, fazendo com que haja entrelaçamento de papéis e funções entre os produtores e usuários, os quais vivenciam de forma permanente os ambientes de migração digital (Vilches, 2003)
            Com tudo isso, podemos constatar que encontraremos os jovens nas mais diversas MÍDIAS SOCIAIS. O grande problema é que não desenvolvemos uma linguagem apropriada para lidar com esses novos ambientes e, por isso, temos imensas dificuldades em adentrar no espaço e na vida dos jovens.

Lugares onde podemos encontrar/educar os jovens?
            Não podemos descartar nossos grupos – embora muitos com estruturas e pensamentos arcaicos – como espaços autênticos de educação e presença edificante das juventudes. São ambientes privilegiados para acompanhar, orientar e trabalhar com os jovens. No entanto, os grupos não devem e não podem constituir-se em lugares aparte, ou seja, retirando dos outros espaços. Antes é função dos grupos oferecer um duplo movimento de distanciamento e de inserção das juventudes no mundo e na sociedade. No momento em que estão sob a influência direta da pastoral, os jovens podem afastar-se de outros espaços de vida para submetê-los a uma reflexão crítica à luz da fé (distância). E depois ao voltarem aos seus cotidianos poderão encarar os problemas e alegrias da vida com um novo ânimo e nova clareza (inserção).
            Dentro de vários espaços que poderíamos citar, quero destacar três (além das mídias sociais):
1.    Família: A família exerce influência benéfica e maléfica, oscila entre os extremos de um desastre total e um paraíso terrestre. Misturam-se doses diferenciadas de elementos construtores da personalidade do jovem e fatores patogênicos. Essass medida que diferencia as famílias permitem juízos mais positivos ou negativos. (Libânio, 2004).
Os nossos trabalhos pastorais esbarram fortemente nessa problemática. Nos grupos de jovens e nas orientações pessoais, debatem-se frequentemente tais dificuldades, uma vez que a situação familiar ultrapassa o nível pessoal e interpessoal. Constitui-se aqui uma questão cultural que envolvem os laços familiares.
2.    Escola-Trabalho: Queremos encontrar jovens? É só irmos à escola, afinal de contas, os jovens estudam! E nesse sentido, existem duas forças que exercem poder de coerção junto às juventudes: o trabalho e o estudo. Esses dois compromissos conseguem arrancar os jovens da comodidade de suas camas, fazê-los enfrentar frio ou calor, coloca-los em trânsitos horríveis e impor-lhes cansaços acumulados. Impressiona ver os jovens se movimentando em busca de trabalho e de estudo.
As nossas estruturas eclesiais que até pouco tempo conseguiam movimentar os juventudes tanto quanto as estruturas citadas e, assim exerciam seu poder coercitivo. Com a aparente liberdade que os jovens adquiriram na atualidade, a religião buscou atrair essa parcela da sociedade por outros meios. Infelizmente não são propostas motivadoras e, por vezes, distantes das realidades juvenis.
Por isso, é inegável a força coativa da escola. Ela exercer um controle social pela obrigação da frequência. Liga o êxito com a presença física. Por exemplo: existe a figura da reprovação por ausência, mesmo que o aluno demonstre ter apreendido até melhor que os colegas que frequentam assiduamente às aulas. Tal lógica não visa a garantia do aprendizado, já que este poderia ser assegurado de outra maneira. Muitos analistas suspeitam de uma vontade social de manter os jovens alheios à vida adulta e sob a guarda vigilante de adultos. Sendo assim, não podemos descartar de forma nenhuma a escola como um espeço privilegiado de jovens.
3.    Diversos grupos ou tribos juvenis (urbanas): Estamos acostumados a ver jovens “normais” em nossas comunidades e/ou cidades. O máximo do diferente é alguém com um corte de cabelo não comum, ou com uma calça jeans toda rasgada, ou ainda, jovens com roupa de cor exótica e cheios de correntes, pulseiras, botons, anéis etc. Isso não parece preocupar. No máximo, causa espanto ou é motivo de gozação. Nos grandes centros urbanos (e o mundo se urbaniza cada vez mais), o diferente já se organiza, tem normas, leis, códigos, adeptos... Este fenômeno da juventude moderna já chegou até nós. É importante que conheçamos as razões de tal fenômeno para sabermos agir diante dele. E o nosso agir é pensar seriamente como se aproximar, aproximando-se cativar, e depois acolher esses jovens, dentro de nossa estrutura muitas vezes moralista e engessada.

Portanto, precisamos pensar seriamente como tornar a nossa pastoral mais eficaz no ponto de vista de atingir os jovens a partir de sua realidade e não cair na tentação de achar que temos que trazer os jovens para dentro dos nossos “muros”. Só poderemos avançar pastoralmente quando verdadeiramente aceitarmos que a nossa pastoral é extra-eclesia, portanto, fora dos muros da Igreja, e reconhecendo os lugares onde a juventude está, como lugares autênticos de Evangelização, afinal Jesus passava por todos os lugares e onde ele passava “Ele fazia bem todas as coisas” (Mc 7,37).

Referências Bibliográficas

BENJAMIN, Walter. Walter Benjamin: Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e politica. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BORELLI, S. H. S.; ROCHA, R. M.; OLIVEIRA, R. C. A.; Jovens na Cena Metropolitana: Percepções, narrativas e modos de comunicação. São Paulo: Paulinas, 2009.
LIBÂNIO, J.B., Jovens em tempo de pós-modernidade: considerações socioculturais e pastorais. São Paulo: Loyola, 2004.
VILCHES, Lorenzo. Migração digital. São Paulo: Loyola, 2003

segunda-feira, 28 de maio de 2012


EDUCAR OS JOVENS... COMO?

Caros amigos e amigas...
Neste pequeno artigo, tenho a ideia de alinhar vários eixos que circundam o mesmo assunto:  JUVENTUDE. Sempre tendo como foco principal a JMJ 2013.
Mas não podemos esquecer que como juventude da província brasileira dos Oblatos de São José, estamos discutindo como eixo temático para o ano de 2012 o tema EDUCAÇÃO. Portanto, nada melhor que alinharmos discussões e ampliarmos nossos horizontes em vista de algo muito importante, a EDUCAÇÃO DOS JOVENS.
São José Marello sempre desejou que seus filhos espirituais tivesse como objetivo de vida a educação integral da juventude, e nós cabe a pergunta: como atualizarmos esse seu desejo?
Primeiramente, ampliando o conceito de educação, pois aqui não falamos apenas da educação formal (bancos escolares, livros, etc), mas também da educação informal, que é aquilo que fazemos com a nossa moçada nas nossas Igrejas, pastorais, etc. E com certeza é o que acontecerá no Rio de Janeiro no próximo ano.
Para que essa educação seja eficaz é preciso levar em conta a integralidade do ser humano. Quero partilhar aqui uma frase escrita pelo Irmão Leandro no texto produzido por ele para a VIII Mostra de Dança de São Paulo: “A inspiração que nos vem por meio da educação é que o ser humano, apesar de sua complexa estrutura que envolve conhecimentos, sentimentos, funcionamentos fisiológicos incríveis, processos de adaptação ao meio em que está inserido, é um ‘ser inacabado’” (Texto base da VIII Mostra de Dança de São Paulo). A isso acrescento uma frase dita pelo grande pensador da educação Paulo Freire: “Onde quer que haja homens e mulheres, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender” (Paulo Freire).
A partir disso, temos claro que como seres “inacabados”, os jovens passam por processos de transformação, na qual, com certeza um dos principais aspectos é a educação, seja ela formal, seja informal. Para isso o jovem preciso ser educado de forma integral. Para tanto gostaria de apresentar uma possibilidade de formação integral que é vivenciada pela Pastoral da Juventude e pode ser apresentada como uma possibilidade de educação informal para a juventude. A Isso nós chamamos de as CINCO DIMENSÕES DA FORMAÇÃO INTEGRAL.
1.    Personalização - Trata-se do conhecer a si mesmo. Assim como a personalidade não é algo estático, depende de fatores biológicos, temperamentais, de caráter e do próprio ambiente em que a pessoa vive. Nessa dimensão, o(a) jovem precisa acolher a própria vida. Procura conhecer-se, aceitar-se, assumir a si próprio, como também tentar desenvolver suas aptidões e qualidades, seus sentimentos e interesses em relação aos outros. É a busca de uma constante resposta existencial: "Quem sou eu?"
2.    Integração - É outro passo importante no processo de formação do indivíduo integral. O relacionamento é algo fundamental para o ser humano, em especial para o(a) jovem. Ele(a) sempre entra em grupos, precisa deles para sentir-se gente, importante, útil. Quando trabalhamos com pessoas é sempre bom lembrar que elas são mais importantes que as normas, objetos e coisas.No grupo é oferecido um espaço para se ir descobrindo, de modo concreto e vivencial, a necessidade de realizar-se como pessoa na relação com o outro. Essa relação gera crescimento, exercita a crítica e a autocrítica como meio de superar-se pessoalmente e colaborar no crescimento dos demais.
3.    Teológica Teologal - Que conteúdo passamos? Em que Deus acreditamos? Qual nosso relacionamento com ele? Qual a nossa espiritualidade? Essas são questões contempladas em nossa relação com Deus. Já foi apresentado algo dentro das motivações da PJ: qual é a proposta de Jesus, qual é a Igreja que queremos, quem é o Espírito Santo que nos anima, o novo homem e a nova mulher com os quais sonhamos e qual é a PJ que desejamos construir. Essa dimensão mística deve colaborar para que o jovem cresça em sua fé. Ajudá-lo a ter presente consigo o agir de Deus em sua história, em sua vocação mais profunda de ser filho(a) e irmão(ã), da descoberta de Jesus e da opção em segui-lo; a possuir o discernimento da ação do Espírito nos sinais dos tempos de sua história pessoal, grupal, eclesial e social e do compromisso radical de viver os valores do Evangelho. Aí o(a) jovem descobre a comunidade como lugar para alimentar e celebrar a vida na fé.
4.    Conscientização Política - A terceira dimensão da formação integral é a dimensão política. Ela permeia todos os nossos relacionamentos e ajuda a nos organizarmos como grupo. Muito pouco se consegue agindo sozinho. Precisamos do grupo para atingir nossos objetivos e muitas vezes as opiniões não batem. Por isso, tomamos partido daquelas que consideramos melhores. No campo social, a atuação do jovem não é pequena: ONG's, sindicatos, associações de bairro, partidos políticos, lideranças nas comunidades, grêmios estudantis, União dos Estudantes.
5.    Capacitação Técnica - Existe ainda a relação com a ação que chamamos de capacitação técnica. A ela cabe a preparação metodológica para o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação da ação transformadora, para o exercício da liderança e coordenação democrática nos grupos, organizações e também junto às massas. Trata-se de ser profissional, realizando a missão com eficácia.


Frei José Alves de Melo Neto, OSJ
j_neto85@hotmail.com

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A HISTÓRIA DA JUVENTUDE ESCRITAS NAS JMJ’S

            Continuando nosso itinerário preparatório para a JMJ do Brasil em 2013, vamos entender melhor sua história, afinal, entendo a história é que vamos conseguir vivenciar melhor 
os seus frutos no presente.

            Sendo assim, começamos a nossa viagem em Roma, mas precisamente no ano de 1984. Nesse ano o Papa João Paulo II convida toda Igreja para celebrar o “Jubileu Internacional da Juventude” no domingo de Ramos. Mais de 300 mil jovens de todo o mundo responderam ao convite do papa e celebraram nesse dia o seu jubileu, que teve inicio com a Via-Sacra no Coliseu e em seguida a Missa na Praça de São Pedro.
            Na véspera desse evento, o papa disse aos jovens “que espetáculo magnífico ofereceis, vistos deste palco. Quem disse que a juventude de hoje não se interessa pelos valores?” E foi com essas palavras que João Paulo II entregou os mundo um grande símbolo, uma grande cruz de madeira, que mais tarde se chamaria a Cruz da Jornada Mundial da Juventude, que nesses tempos, temos a graça de tê-la percorrendo os rincões do Brasil. E é aqui que começa uma grande “jornada”...
            No ano seguinte (1985), as Nações Unidas declararam o “Ano Internacional da Juventude”. Como a Igreja sempre é atenta aos apelos do mundo, sentiu-se a necessidade de se organizar um outro encontra da juventude com o papa, algo que aconteceu no domingo de Ramos do mesmo ano, com a presença de 250 mil jovens na cidade de Roma. Depois desse encontro, o sumo pontífice anunciou que as Jornadas Mundiais da Juventude aconteceriam periodicamente. Assim ele dizia no dia 07 de abril de 1985: “No domingo passado, encontrei centenas de milhares de jovens, e a imagem festiva de seu entusiasmo ficou profundamente gravada na minha alma. Meu desejo de repetir essa experiência maravilhosa nos anos vindouros, e de criar dessa forma um encontro internacional da juventude no Domingo de Ramos, corresponde à minha convicção de que os jovens estão diante de uma missão cada vez mais difícil e fascinante: a de mudar os mecanismos fundamentais que fomentam o egoísmo e a opressão nas relações entre os Estados e de assentar novas estruturas orientadas à verdade, à solidariedade e à paz”.
            A partir dai, o sonho começou a se tornar realidade... Assim, a Jornada Mundial da Juventude começou a ser celebrada de modo oficial no Domingo de Ramos de 1986, ainda em Roma. A partir de 1987 e posteriormente a cada dois anos, organizou-se a JMJ em algum lugar do mundo.
            Em 1987 os jovens foram convidados para a JMJ em Buenos Aires, e ali reuniram 1 milhão de participantes que escutaram as seguinte fala do papa dos jovens: “Repito ante vós o que venho dizendo desde o primeiro dia do meu pontificado: que vós sois a esperança do Papa, a esperança da Igreja.”. Dois anos depois (1987), 600 mil jovens foram em peregrinação à cidade espanhola de Santiago de Compostela, onde João Paulo II perguntou-lhes: “Por que vieram aqui os jovens dos anos 90, do século 20? Não sentis em vós o espírito do mundo?”
Cruz peregrina dada por João Paulo II
            Dois anos depois (1991) 1,5 milhões de jovens reuniram-se no santuário mariano da cidade polonesa de Czestochowa. Essa foi a primeira vez que os jovens do leste europeu puderam participar da JMJ sem problemas, uma que já tinha sida derrubado o muro de Berlim. E assim João Paulo II exortava: “O Velho Continente aposta em vós, jovens da Europa Oriental e Ocidental, para construir esta ‘casa comum’ que deve contribuir para um futuro de solidariedade e de paz. (...) Para a prosperidade das gerações vindouras, é preciso que a nova Europa se baseie no fundamento dos valores espirituais que constituem o núcleo mais íntimo de sua tradição cultural”.
            Seguinte a dinâmica de encontros a cada dois anos, chegamos em 1993, onde João Paulo II reuniu-se com meio milhão de jovens na cidade americana de Denver. E o papa assim os exortava: “Não apagueis a vossa consciência! A consciência é o verdadeiro coração e a parte sacrossanta da pessoa humana, onde se está somente com Deus... Não tenhais medo de sair às ruas e de dirigir-vos ao público... Não é hora de ter vergonha do Evangelho... Não temais abandonar uma vida confortável e acomodada e responder ao desafio de fazer Cristo conhecido na ‘metrópole’ moderna”.
            O maior JMJ de todos os tempos de deu na cidade filipina de Manila, no ano de 1995. Reuniram-se 4 milhões de jovens que escutaram do papa a seguinte provocação: “Sois capazes de oferecer vós mesmos, vossas forças e vossos talentos para o bem dos demais? Sois capazes de amar? Sim, vós sois. A Igreja e a sociedade podem colocar grandes esperanças em cada um de vós”.
            Em 1997, foi a vez de bela capital francesa (Paris) acolher quase um milhão de jovens que ali se reuniram. Nesse encontro muitas coisas bonitas aconteceram: primeiramente, foi a primeira experiência das conhecidas por nós hoje como as “pré-jornadas”, e posteriormente o testemunho bonito e a exortação de João Paulo II, que dizia: “Vosso caminho não termina aqui. O tempo não para no hoje. Saiam às ruas do mundo, às ruas da humanidade e fiquem unidos à Igreja de Jesus Cristo!"
            Chegamos ao ano 2000, ano jubilar, e consequentemente o Jubileu da Juventude. Em Roma, 2 milhões de jovens reuniram-se para celebrar e cantar o “Emanuel”, o “Deus conosco, o Deus com a juventude. E ali, sua santidade motivava os jovens dizendo: “Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio! Sede contemplativos e amantes da oração, coerentes com a vossa fé e generosos no serviço aos irmãos, membros vivos da Igreja e artífices de paz..”
            Em 2002, foi a vez da cidade canadense de Toronto sediar a JMJ. Mais de 800 mil jovens ali estiveram para a última jornada do papa dos jovens. Ele mesmo com a saúde muito debilitada, mas demonstrando um profundo amor, dizia: Vós sois jovens e o Papa é idoso, e ter 82 ou 83 anos não é a mesma coisa que ter 22 ou 23. Todavia, ele continua a identificar-se plenamente com as vossas esperanças e as vossas aspirações. Juventude de espírito, juventude de espírito! Embora eu tenha vivido no meio de muitas trevas, sob duros regimes totalitários, tive suficientes motivos para me convencer de maneira inabalável de que nenhuma dificuldade e nenhum temor é tão grande a ponto de poder sufocar completamente a esperança que jorra sem cessar no coração dos jovens.”
            Em 2005 acontece uma coisa inédita: é a primeira JMJ preparada por dois papas, um que reuniu-se com meio milhão de jovens na cidade alemã de Colonia (Bento XVI) e outro que intercedia do céu por cada jovem ali presente (João Paulo II).
            Em 2008 foi a vez de Sidney na Austrália, receber a JMJ. Essa jornada não foi a maior em presença de jovens, porém a presença juvenil naquele período encheu a cidade de Sidney da presença do Espírito Santo, e o rosto jovem da Igreja renovou a Igreja local.
            Em 2011, como sabemos foi a vez de Madrid, Espanha sediar o encontro da juventude da geração de Bento XVI. Mais de um milhão de jovens ali se reuniram e escutaram a seguinte declaração: : “A Jornada Mundial da Juventude em Madrid renovou nos jovens o chamado a serem o fermento que faz a massa crescer, levando ao mundo a esperança que nasce da fé. Sede generosos ao dar um testemunho de vida cristã, especialmente em vista da próxima Jornada no Rio de Janeiro”.
            É isso aí, chegou a nossa hora, a hora de escrevermos a nossa história. Como dizia o pensador D. N. Marinotis: "Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado. É nele que se pensa encontrar o seu começo e o seu fim. Na realidade, é o inverso: a história começa hoje e continua amanhã."
            Por isso, continuemos a escrevê-la, é a hora da JMJ Tupiniquim, que venha logo 2013!
            Até lá.
           

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ
            Assessor Pastoral
            j_neto85@hotmail.com
           

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

RUMO A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE DE 2013

Caros amigos(as),
É do conhecimento de todos que nos aproximamos de um grande evento que mudará, ou melhor, já está mudando o rosto da Igreja no Brasil. Este evento será a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Brasil no final de julho de 2013.
            Por isso, a partir deste mês até a JMJ, estaremos mensalmente preparando não só a juventude, mas todos vocês, queridos leitores (as) para esse grande momento. Sendo assim, convido-vos a entrar comigo nessa grande viagem chamada JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE – RIO DE JANEIRO –BRASIL/2013.
Mas como disse, esse grande evento marcará não só a vida da juventude do Brasil, mas todo o nosso país, que por um curto período terá os olhos fixos na Cidade Maravilhosa, sendo lá a casa de todos os cristãos brasileiros.
Por isso o Papa Bento XVI ao final da Jornada Mundial de Madrid, fez o seguinte comentário: “A Jornada Mundial da Juventude em Madrid renovou nos jovens o chamado a serem o fermento que faz a massa crescer, levando ao mundo a esperança que nasce da fé. Sede generosos ao dar um testemunho de vida cristã, especialmente em vista da próxima Jornada no Rio de Janeiro”. Esse foi o clamor do Papa, estejamos, portanto, atentos!
No dia 24 de agosto de 2011, durante a Audiência Geral, Bento XVI anunciou o lema da JMJ de 2013: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). Esse é o grande mandato de Jesus aos seus discípulos, mas que se estende até nós, Por isso convido nesta nossa primeira conversa, a refletirmos sobre esse tema da JMJ 2013, que está dentro de contexto de  Mt 28,16-20.
Logo da JMJ 2013
Primeiramente é preciso estar atento que essa passagem se dá no contexto das aparições de Jesus, logo após a sua ressureição. Os discípulos caminhavam para a Galiléia, como Jesus os tinha orientado. Ao avistarem o seu Mestre os discípulos prostraram- se diante dele, outros ainda duvidaram. Isso nos remete claramente a tantos jovens que diante das impossibilidades que lhe são apresentadas, mostram-se incrédulos diante das maravilhavas que o Senhor realiza, outros porém, reconhecendo tais maravilhas, prostram-se diante Dele, e mais que isso, resinificam essa atitude, transformando-a em em ações concretas. Haja visto as diversas manifestas que foram vivenciadas na JMJ de Madrid.
Continuando, ao aproximar-se dos seus, Jesus apresenta seu poder e sua missão dizendo: “Todo poder me foi dado, no céu, e sobre a terra. Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...” (Mt 28, 18-19). Esse poder que Jesus recebeu do Pai, Ele retransmite aos seus discípulos, dando-lhes uma nova missão, ou seja, fazer todos discípulos Dele, assim como eles também o foram, mas não somente isso, mas sim, batizando em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, sendo assim, marcados com o sinal daqueles que seguem a Cristo, e através disso, criando uma unidade clara com Ele.
Como dissemos anteriormente, esse convite se estende até nós, e nesse advento da JMJ 2013, o papa Bento XVI, assumindo o papel de sucessor dos apóstolos, que tocar o coração de cada jovem que se prepara para esse importante evento. É como se o próprio Cristo (como de fato é!) dissesse a cada jovem (e também a cada um de nós) que temos uma missão muito especial, e que não devemos ficar inertes a isso, afinal de contas o próprio Jesus nos disse: “... eis  que eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Diante de um convite tão provocante, e na certeza de que o próprio Cristo estará conosco, não fiquemos parados! Se o Cristo tivesse falando para nós hoje, com certeza diria: “Moçada.. coragem!!! Mostrem a todos o amor que eu tenho por vocês!
Por isso, caros amigos, preparemo-nos, a missão está apenas começando. Rumo a JMJ 2013!

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ
Assessor Pastoral
j_neto85@hotmail.com