quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Bote Fé na moçada!!!!

"No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus".
(Pe. Zezinho)

Foi dado o “pontapé inicial” para a Jornada da Juventude do Rio de Janeiro em 2013!


Chegada do Ícone de Nossa Senhora
Aconteceu neste último Domingo, dia 18 de Setembro, que por sinal foi Dia do Jovem Josefino. Foi em um evento denominado Bote Fé, no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo. Lá se reuniram cerca de 50 mil jovens (nós também estávamos lá!) para acolher a Cruz da Jornada e o Ícone de Nossa Senhora que percorrerão todo o Brasil. Assim começou a preparação da moçada para a JMJ de 2013. Em nome de toda a Província do Brasil e representando toda a juventude Josefina, cerca de 70 jovens do Santuário Santa Edwiges, de Nossa Senhora de Loreto e de Nossa Senhora de Fátima, também estiveram participando desse momento.
Partilho com vocês, meus irmãos e irmãs, os momentos emocionantes lá vividos e o que surge de provocação em tudo isso.
Primeiro: foi de "arrepiar" o momento em que a Cruz peregrina, chegando no Campo de Marte, adentrou entre a multidão lá presente. Os jovens rezando, se ajoelhando, cantando, etc. É realmente magnífica a forma como a moçada acolhe essa realidade da Cruz. Talvez pela proximidade de que o Crucificado tem com a juventude! Afinal quantos jovens são, todos os dias, são crucificados e mortos, e de forma banal e gratuita. Ou pelas oportunidades que são perdidas ou negadas à Juventude. São tantas formas pelas quais nossa juventude é crucificada hoje. Essa peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora será de grande valia para chamar a atenção do povo brasileiro. Isto é muito importante: não podemos esquecer dos brasileiros crucificados de todos os dias! A peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora não pode ser apenas um momento de “festa” nos locais onde ela passará. Claro, é sempre festa! Mas deve, sobretudo, provocar em nós uma atitude de mudança radical posturas, pensamentos e ações. Digo isto de maneira muito especial com relação a Juventude.
Chegada da Cruz peregrina
Percebe-se muito claramente que a juventude é aberta às propostas da Igreja. Disse o Núncio Apostólico Dom Lorenzo Baldisseri em seu discurso, citando o Papa Bento XVI: “A Igreja é jovem e dinâmica!” Contudo, esta mesma Juventude rejeita propostas que claramente querem usá-la como massa de manobra para outros fins que não seja a vida eterna — mais vida, mais humanidade! — proposta ao jovem rico, em Mateus 18,16.
Para nós, Oblatos de São José, essa Jornada Mundial da Juventude, acontecendo no Brasil, será (já é!) uma provocação. É um chamado muito forte para que assumamos, de fato, a causa da juventude. Este era um dos grandes desejos de São José Marello!
Vamos nos preparar, nos envolver. Vamos abrir o coração e renovar nosso entusiasmo abrindo nossas casas para acolher jovens peregrinos em 2013. Vamos preparar nossos jovens para que participemos em 2013 com um grande número de jovens Oblatos no Rio de Janeiro. Acima de tudo, vamos aproveitar desse momento, para assumir de fato essa causa.
Aqui está o convite para que aconteça de nossa parte um envolvimento efetivo e afetivo como a Juventude. Vamos encontra-la e escutá-la. São tantos os gritos que saem do coração dessa Juventude do século XXI — já chamada pela Igreja como a “Juventude da geração Bento XVI”.
Juventude do Santuário Santa Edwiges
A Cruz e o Ícone que visitará todo a Brasil, segundo o Cardeal Odilo Pedro Scherer, precisam ser entendidos como o próprio Cristo que visita o seu povo acompanhado de sua Mãe que num gesto profético e missionário visitou sua parenta Izabel. Por isso a intuição e o apelo do papa Bento XVI ao definir como tema desta JMJ 2013Ide e fazei discípulos todos os povos (Mateus 28,19). É um convite à Juventude para que, seguido o exemplo do próprio Cristo e de sua Mãe, possa lutar contra o comodismo que muitas vezes que tomar conta da vida. É para sair ao encontro de outros, mostrando a todos a alegria de seguir a esse Cristo Jovem, entusiasmado e sempre novo, que ainda encanta toda a Juventude e a todas as idades.
Que a Cruz de Cristo possa dar nova vida à Juventude, e que Nossa Senhora da Visitação seja o exemplo de missionária para todos os jovens.
E que para nós, Oblatos, nosso Pai, São José Marello, o grande apaixonado da Juventude, seja o exemplo e o nosso motivador.
Bote Fé! Assim seja!

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ
Assessor da Pastoral Juvenil

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pentecostes: Celebrar a ousadia do Evangelho

Para entendermos o sentido da Festa de Pentecostes, precisamos primeiro lançar um olhar sobre a Palavra de Deus, de maneira especial, a primeira leitura e o Evangelho do dia da celebração.
Cena do Pentecostes: Maria com os
discípulos no Cenáculo
A Primeira leitura é tirada do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), e aqui é narrada a cena de Pentecostes (que quer dizer 50 dias após a ressurreição) remontando o primeiro pentecostes celebrado pelo povo de Israel no deserto (Ex 19,16-20). Em um primeiro momento a descida do Espírito Santo sobre os discípulos como dom, reforça o cumprimento da promessa de Jesus: “Eis que enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu...” (Lc 24, 49a). Num segundo momento quer mostrar a tendência das nações a uma unidade. Se no pentecostes vivido por Israel no AT, o Deus falou do meio do fogo, mas eles não se aproximaram por medo, agora o fogo de Deus que é o Espírito Santo, dá força àqueles que pareciam não ter, enche de coragem os discípulos para que eles possam anunciar e portanto serem os iniciadores de um novo ciclo, agora sem a presença de Jesus, mas com a presença do Espírito que é a plenificação do amor do Pai e do Filho. Dessa forma acontece o batismo no Espírito anunciado por João Batista (Lc 3,16). As pequenas chamas descritas na leitura são colocadas em relação ao dom das línguas, demonstrando que embora muitas nacionalidades ali presentes, cada um falando em sua própria língua, eles sem entendiam perfeitamente. Dessa forma, através da força do Espírito que unifica todas as nações, é possível construir uma nova unidade. Se em Babel (Gn 11,1-9) a unidade estava perdida e ninguém se entendia, o Espírito vem restaurar a unidade e anunciar a missão da Igreja enquanto Igreja universal.

No evangelho (Jo 20,19-23) os discípulos se encontram trancados por medo dos judeus, afinal se fizeram isso com o Mestre Jesus, o que poderia acontecer com eles? O medo dos discípulos deixa claro que eles ainda não tinham entendido a missão de Jesus. Nesse contexto de medo, Jesus entra e “sopra” sobre eles. Esse sopro(hebraico) ou hálito(grego), quer simbolizar a nova criação. Da mesma forma que o Criador soprou para dar vida à humanidade, Jesus, o novo Adão sopra sobre seus discípulos transformando o medo deles em coragem, para que assim, se tornem missionários. Fortificados pelo Espírito, os discípulos agora são portadores da mesma salvação que Jesus realizou na paixão e que se concretiza no perdão dos pecados e no dom do Espírito.
O Pentecostes para os discípulos foi a mola propulsora que os fez vencer o medo dos judeus e sair pregando o evangelho sem temor. A partir desse dom gracioso de Deus, cada um de nós também é chamado, primeiramente através do nosso batismo e depois confirmado pela sacramento da confirmação a sermos verdadeiros discípulos e mensageiros da boa nova. Somos chamados a vencer os nossos medos, romper as barreiras que nos impedem de mostrar que o amor do Pai é infinito.
Viver o Pentecostes hoje é colocar nossos dons à serviço como pede São Paulo, favorecendo portanto a unidade, a unidade que só é capaz pela força do Espírito. È mostrar com a própria vida, pregando na nossa própria língua, melhor ainda pregamos no nosso ambiente, fazendo acontecer o reino onde nós estamos. Aos discípulos foi pedido a testemunhar com a própria vida e eles radicalmente levaram isso a termo, até as últimas conseqüências. E a pergunta que cabe a nós é: Como estamos vivendo hoje o nosso Pentecostes?
Celebrar o Pentecostes é celebrar a ousadia do Evangelho... Celebrar Pentecostes é celebrar o amor de Deus que se revela a cada dia.
Portanto, peçamos todos os dias como o salmista: “Enviai o vosso espírito Senhor, e da terra toda face renovai”

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ
frei_neto85@yahoo.com.br

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Identidade... Qual é a Tua?

É comum ouvirmos a expressão: “os jovens de hoje não tem identidade ”.
Mas afinal de contas, o que é identidade? Vamos pensar!
I-den-ti-da-de. Identidade! Palavra oriunda do adjetivo idêntico – perfeitamente igual.
Do Latin identitate. Do Inglês identity. Do espanhol identidad. Do italiano identità. Segundo os livros, identidade é o conjunto de características próprias, com as quais podemos diferenciar as pessoas umas das outras, quer diante do conjunto das diversidades, quer diante seus semelhantes. Também podemos entender identidade como sendo a consciência que uma pessoa tem de si mesma.
Também podemos pensar o que identidade sob os princípios da sociologia, da ciência, da
Logo da VII Mostra de Dança de SP
antropologia, da medicina, da filosofia, do direito...
Diante disso, questionamos:
1. O que nos dá identidade é aquilo que nos caracteriza como iguais ou diferentes?
2. A nossa identificação é algo próprio nosso ou é aquilo que os outros dizem de nós?
E no tocante a nós, o que identifica a nossa juventude?
No contexto histórico, a juventude era reconhecida e identificada pela sua ação e oposição a uma sociedade que buscava oprimir e amputar os direitos juvenis. Foi assim em todo o mundo nos séculos passado.
Basta lembrar a Revolução Francesa (considerada como o acontecimento que deu início à idade Contemporânea que aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" entre os anos de 1789–1799), ou a Década de 60 (onde iniciou a grande revolução comportamental, com o surgimento do feminismo, movimentos em favor dos negros e homossexuais, onde ocorreu o Concílio Vaticano II e revolucionou a Igreja Católica, onde surgiram os hippies, iniciaram os protestos contrários à Guerra Fria, a do Vietnã e contra a ameaça de endurecimento dos governos, além da Revolução Cubana na América Latina, levando
Fidel Castro ao poder, a descolonização da África e do Caribe, tudo isso ao som dos Beatles) ou os Caras Pintadas (movimento estudantil brasileiro realizado em 1992 com objetivo principal retirada do posto Presidente do Brasil acusado de corrupção).
Nessas revoluções, os jovens foram protagnistas. E é por conta deste protagonismo das juventudes passadas, que muitos esperam, direta ou indiretamente, da juventude de hoje, as mesmas atitudes. 
Os jovens de hoje são filhos ou netos dos muitos jovens que “lutaram” nessa época. Por conta disso, a atual juventude é rotulada pelos seus pais e avós como uma juventude passiva aos acontecimentos que os cercam pois, pela expeirência deles, a identidade da juventude se dá quando sai à rua para se manifestar e lutar pelos seus direitos.
Duvida? Quem nunca ouviu esta expressão: os jovens de hoje não são mais como antigamente, não protestam, não saem nas ruas, não brigam pelos seus direitos, etc.
Porém, podemos acreditar piamente em tais expressões? Ou devemos questioná-las? Vemos hoje diferentes maneiras da juventude se expressar e, por conta disso, dela há também uma infinidade de maneiras dela ser identificada e se auto-identificar.
O que dizer das várias expressões culturais das quais a juventude faz parte? Skatista, surfista, blogeuirro, roqueiro, pagodeiro, emo, nerd, membro de escola de samba e de torcida organizada, punks, drag queens, skinheads, rappers, góticos, grunges, rockabillies, twiteiros, hippies, rastafaris, metaleiros... Não seriam estas formas da juventude se expressar e de se identificar, o seu jeito de fazer revolução?
Estas expressões nós fazem refletir que a juventude busca se afirmar num mundo pósmoderno
que prega a subjetividade como forma de expressão mais concreta. É por isso que nos deparamos com a realidade de jovens que tem mais de 1.000 amigos
no Facebook, que lideram o ranking de mais seguidos no Twitter, mas que são incapazes
de construir relações concretas de amizades no mundo real.
Por isso, diante desse mundo que massifica e que oprime as verdadeiras expressões
juvenis, quais serão os melhores caminhos para a juventude buscar sua identidade?
É justamente isso que a VII Mostra de Dança te condida a discutir!
Vamos juntos escutar este questionamento que ecoa do coração dos jovens e que gritar
aos quarto cantos da terra: Identidade, qual é a tua?

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Cura do Cego de nascença e a nossa realidade

Esse foi um trabalho apresentado na PUC-SP (Campus Ipiranga) para a Disciplina de Doutrina Social da Igreja. Um pararelo entre a passagem da Cura do cego de nascença (Jo 9, 1-40) e a nossa realidade social.
"Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva,
aplicou-a sobre os olhos do cego..." (Jo 9, 6)

A cura do cego de nascença nos remete claramente as realidades que hoje nos circundam. Todos os dias nos deparamos com “cegos de nascença” que são sub-julgados, ou melhor, dizendo sofrem preconceitos somente pela sua condição.
A pergunta que fizeram a Jesus é muito pertinente à nossa reflexão: “Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego” (9,2). E a resposta de Jesus é clara: “Nem ele, nem seus pais...” (9,3a), ou seja, muitas das vezes julgamos uma situação de determinada pessoa, bem como seu status social muito rapidamente, quando deveras a culpa não é da pessoa, podendo ser, portanto, da estrutura que a oprime, ou da sociedade que não lhe dá oportunidade.
O cego de nascença estava à margem do caminho, mendigando uma oportunidade, como estão hoje, muitos cegos de nossos dias, que por lhe serem tirados as oportunidades de enxergar algo melhor na vida são colocados à margem da sociedade.Jesus é aquele que dá ao cego a oportunidade de enxergar, ou até muito mais que isso, vislumbrar novas oportunidades de vida. Cuidar daqueles que são colocados à margem é tarefa de todo o cristão que se compromete com uma realidade que exclui e que simplesmente olha e julga, tentado adivinhar o que o levou aquela determinada situação.
A atitude de cristão é justamente a de Jesus, “cuspir na terra e fazer lama com a saliva” (9,6), que hoje que significar o famoso: “meter a mão na massa” e se comprometer verdadeiramente. Nós temos que passar da simples comoção e desenvolver ações eficazes que mudem a vida das pessoas que hoje estão à margem da sociedade.
E a fé que motiva o cristão a tomar essas atitudes é justamente a de proporcionar uma vida diferente à essas pessoas, para que assim as pessoas possam perguntar, da mesma forma que perguntavam entre si: “Não é esse que ficava sentado a mendigar?” (9,8c)... “... alguém parecido com ele” (9,9b). Assim ele poderá dizer com toda forma e com o animo renovado: “Sou eu mesmo” (9,9c).
Sejamos pessoas que como Jesus apresente oportunidades àqueles que estão à margem da sociedade, não esperando o dia certo, mesmo porque, Jesus deu a oportunidade ao cego em dia de sábado, o que não era permitido pela lei judaica, mas para Jesus não há momento certo para se dar oportunidades para as pessoas. Assim também nós devemos agir, afinal de contas não há lugar e nem momentos certo para se comprometer por e com alguém

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Bom Samaritano e os jovens

Esse pequeno texto é fruto de um trabalho que fiz para a disciplina de Fundamentos Cristológicos e Eclesiológicos da Pós-Gradaução em Pastoral da Juventude na UNISAL/São Paulo.

Esta parábola (Lc 10, 29-37) nos coloca diante de uma posição contraditória, tendo em vista a postura das várias “classes” ali representada.
Diante da situação de desumanidade na qual se encontrava certo homem que foi assaltado, algumas pessoas passaram e talvez preocupadas com outros compromissos posteriores não se deram conta da necessidade daquele que era mais próximo. Aquele que se deu conta da necessidade do próximo foi justamente o que também era rejeitado pela cultura judaica, ou seja, o samaritano.
Importante ressaltar que o cuidado que o samaritano teve com o próximo não foi um cuidado superficial, mas sim um cuidado profundo: tratou das feridas, o carregou em sua montaria e o levou-o a pensão e continuou cuidando dele e por último pagou tudo aquilo que precisava.
E a pergunta que Jesus fez os seus discípulos é muito pertinente a nós hoje: qual deles se fez mais próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes? E se Jesus esteve conosco hoje ele perguntaria: Qual é sua proximidade, querido jovem, daqueles que sofre?
É muito comum nos nossos dias encontramos pelos nossos caminhos sejam eles para o trabalho, faculdade, Igreja, dentre outros, jovens que sofrem “assaltos” todos os dias. Deles são tiradas (como assalto) as oportunidades de vida, de sonhar, de ousar. E por isso a pergunta de Jesus é pertinente a nós hoje, jovens que ousam sonhar com um mundo melhor: Somos próximos dos nossos jovens?
Essa pergunta deve gerar em nós uma inquietação e posteriormente uma tomada de decisão, ou seja, vamos nos aproximar ou não das nossas realidades juvenis? Se caso a nossa resposta for positiva, Jesus nos ensina como fazer: “Vai tu e faças o mesmo”.
Frei José Alves de Melo Neto, OSJ