terça-feira, 7 de setembro de 2010

JUVENTUDES:ESPAÇOS, ESCUTA E ACOLHIDA

Pode soar estranho o termo “Juventudes” já que sempre escutamos “juventude”. Mas o termo mudou pois o tempo mudou…
Se olharmos à nossa volta perceberemos nitidamente a diversidade juvenil. É O grupo dos “emos”, os jovens do movimento hip hop, góticos, os que preferem uma vida alternativa, sem falar em dezenas de outras chamadas “tribos” juvenis existente em nossa sociedade. são expressões hoje mais do que nunca plurais, algo que para os mais tradicionais soa até com estranheza ou mesmo esquisitice.
Devemos nos atentar cada vez mais a esta nova situação juvenil que está em nossa frente: o jovem mudou! Com a mudança juvenil veio também A mudança de termo. Não é possível mais falarmos apenas de JUVENTUDE, o que seria empobrecer essa parcela imensa da sociedade. Por isso falamos de JUVENTUDES tendo em vista essa diversidade tão grande.
É assim que toda a perspectiva juvenil muda. Os sonhos mudaram E as prioridades também, bem como a visão de mundo. Definitivamente os jovens não são mais como há 20 anos. Não esperemos uma juventude que lute, como outrora outros fizeram, pintando a cara, levantando suas opiniões e suas vontades de forma muito mais contundente.
Os jovens de hoje são filhos e filhas daqueles jovens dos anos 80, mas também “filhos” de uma geração criada nos mundos cibernéticos e virtuais, que valorizam demasiadamente a subjetividade de sua vontade. A luta deles hoje é para vencer seus medos, receios e “monstros” criados a partir de uma cultura adulta, que muitas das vezes julga e, na maioria das vezes, condena esses jovens de forma superficial somente pelo seu modo de ser.
São raros aqueles que abrem espaços autênticos de juventudes, onde a moçada possa extrapolar seus talentos, seja num grafite que expresse uma opinião, seja numa dança que libere todo seu ímpeto de mudança de uma realidade que massacra, seja em uma música não muito agradável aos ouvidos de muitos, mas que expressa tudo aquilo que é o mundo deles.
Poucos são os que acolhem os jovens da maneira que eles são (não da forma que nós queremos que eles sejam) com suas roupas estranhas, com seus penteados esquisitos, com seus adereços um tanto quanto exóticos. O Jovem precisa ser acolhido à sua maneira, sem julgamentos ou preconceitos, mas acolhidos com amor. A pergunta que sempre vem à minha mente é essa: Como será que Jesus acolheria esses jovens de hoje?
Se pensarmos que ele acolheu a mulher adúltera, comeu na casa de pecador, acolheu crianças (classe recriminada na época), chego à conclusão que ele acolheria todas as juventudes com a totalidade do amor que cabe dentro dele. Agora vem a segunda pergunta… E nós? Essa deixa a expectativa no ar…
Escutar… este é um dom que poucos têm. Muita gente ouve, mas poucas escutam, ou seja, guardam no coração. Os jovens gritam, falam alto, mas pouca gente quer escutá-los de fato. Escutar suas angustia, suas dúvidas que os assolam e os deixam perplexos diante de um mundo que passa como um rolo compressor sobre cada um deles, haja visto os dados da mortalidade juvenil no nosso pais. Por isso escutemos mais os jovens para que assim possamos nós também gritar: “Chega do extermínio das juventudes!!!” Chega de tantos jovens que morrem sem pode contar com os espaços abertos, com a acolhida amorosa e a escuta sincera de cada um de nós.
Portanto queridos amigos e amigas: Vejamos e avaliemos como está a nossa conduta perante essa importante parcela da nossa sociedade. Eles gritam, pedem, clamam. Qual é a nossa resposta?

Frei José Alves de Melo Neto, OSJ

Um comentário:

  1. Sim, creio e assim afirmo é na juventude que está o projeto de um novo amanhã. O futuro... como alguns não o pensam, só vivem no presente tendo ele como meta única na vida.
    Os jovens possuem suas angústias(de não saber o que pode ser), medo (do barraco cair na próxima chuva), respeito (pelo dono da bocada de fumo), dor (de levantar cedo e ir para o curso de crisma sem tomar café),sei lá, mas o que percebo é que buscam uma oportunidade de crescer, não fisicamente e sim humanamente. Também ter seus talentos reconhecidos, dado que isso é pouco falado em algumas de nossas paróquias.
    Os jovens lançam-se a descoberta e precisam de apoio, não meu, mas sim nosso.
    O que fazemos quando eles se arrependem e voltam para casa: como o filho que pede os bens ao seu pai? Esse filho é discriminado como fez o irmão mais velho.
    Deve-se abrir as portas para eles entrarem, mas não as portas físicas, e sim as portas do coração, pois ao entrarem fazermos a grande festa, matar o cordeiro gordo e não se preocupar com o volume dos microfones, ou que sala eles ficarão: na minha ou na sua.
    Portanto, é nas crianças que estará o projeto de uma Igreja viva, nos jovens (o futuro) e nós? Somos o presente de uma caminhada em direção ao Pai.

    Gleidson Luis.

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